segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Kit de Rompimento


Quando as relações tendem a começar a não funcionar, seja por uma discussão de coisas acumuladas ou por se começar a pensar se será mesmo a pessoa que nós queríamos ou mesmo pela própria rotura, nós mulheres reagimos sempre de modo completamente diferente do homem. Nós somos muito mais dramáticas. Uma simples choradeira não é suficiente. Não! Nós mulheres gostamos de ter o kit todo à mão para quando essas situações nos atingem. O kit depende muito da estação. Neste momento estamos no verão e agora iríamos ter: a mulher chega ao sofá, coloca o pacote de lenços na mesa de apoio ou no braço do sofá, depois vai ao quarto e traz tudo aquilo que seja possível de trazer para a sala. Entenda-se: os pequenos presentes oferecidos por ele, os postais em que ele jurava amor eterno, álbuns de fotografias onde aparecem ambos a sorrir atrás de uma palmeira, à beira-mar, a ver o pôr-do-sol. Se isto tudo ainda não chegar então vão buscar o MP3 com as músicas que ouviam os dois juntos. Para colocar a cereja no cimo do bolo há que ir buscar o balde de gelado de 5kg e uma colher.
Escolhido o kit de verão a mulher ajeita-se o melhor que pode (note-se que é sempre com as pernas dobradas, mesmo que o sofá tenha 10 lugares), depois coloca o balde a jeito com a colher lá espetada, verifica sempre aonde está o pacote de lenços e começa o rol de leitura com os postais, depois se ainda não tiver chorado o suficiente agarra-se às fotografias e pensa nos tempos idos de felicidade. Se com isto tudo ainda não sofreu o suficiente coloca os phones nos ouvidos e lá vai a selecção de musicas. Aí sim atingiu o seu auge de tristeza, mas depois da tristeza segue-se a raiva. Atira com o MP3 para um canto, agarra nos álbuns e pensa duas vezes em os desfazer e em fazer uma fogueira no meio da sala com os postais e os presentes. Dado o auge de raiva, senta-se no chão agarrada a tudo e a pensar no quanto ainda o ama, em como é infeliz sem ele, em que não irá conseguir viver mais.
Para o inverno o kit é baseado nos mesmos utensílios de dor e sadismo, mas o gelado é substituído por uma caneca de chá ou chocolate quente e não poderá faltar a manta de lã. Ao fim de dois meses de pura dor interna e sadismo a mulher refaz a sua vida e encontra de novo o amor, ou então quer é desforrar-se por ter estado aquele tempo todo sem sair de casa.
O homem pura e simplesmente telefona ao seu melhor amigo que combina com o grupo do costume e vão todos beber um copo. Apanha uma bebedeira e está feito o seu luto.
Às vezes um pouco menos de emotividade da nossa parte seria bem melhor e tudo se resolveria num mero piscar de olhos. Claro que aquilo que aqui deixei escrito não se aplica a todas as mulheres e nem a todos os homens.
Para se evitarem estas situações o melhor mesmo é ser-se o mais honesto possível e fazer uma coisa que pode parecer o mais simples possível, mas que custa e ninguém, ou muito pouca gente o consegue fazer que é: aceitarem-se com todos os seus defeitos! Experimentem e vejam se não é melhor, difícil, mas muito melhor :-)

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