
Quando nós mulheres temos algum problema recorremos sempre às amigas. Bem, eu sou um pouco excepção à regra uma vez que tenho tendência para me isolar e depois de estar tudo resolvido na minha cabecinha regresso à vida normal como se nada tivesse acontecido, mas falo daquelas que são diferentes de mim. Telefonam a uma ou duas amigas, dependendo do número que pertença ao grupo e toca a desabafar. Nada de mal e tudo dentro da sua normalidade. A única coisa que eu questiono é: se ao desabafarem pretendem que nós sejamos como o burro e a cenoura que a tudo dizemos que sim ou se é para sermos sinceras e dizermos as partes boas bem como as más?
Quando nos telefonam sinto-me como se me sentasse na primeira fila do cinema, de balde em punho e vou colocando pipoca a pipoca na boca. Ouço tudo com muita atenção para depois poder intervir na altura certa. O que eu noto é que cada vez que intervenho parece que nunca acerto com as falas do guião e que eu nem sequer sabia que tinha de seguir um guião! As amigas, as verdadeiras amigas, dizem tudo o que há para dizer: bom, menos bom e mau! Mas tal como eu dizia, quando intervenho sei que vou de encontro a muitas coisas, que penso de maneira diferente e que não me inibo de dizer o que penso. O problema está quando por mais vezes eu dê a minha opinião não surte qualquer efeito. Sinto que falo com um dos três macacos à vez: o que não fala, o que não ouve e o que não vê!
Eu devia estar sentada na primeira fila do cinema, de balde em punho e colocando pipoca a pipoca na boca a escutar tudo com muita atenção! Mas não! Não senhora! Dou comigo a entrar no filme, a dirigir actores que nem tenho de dirigir, porque eles treinaram tudo sozinhos e ainda a tentar alterar o guião quando não está de acordo com os mesmos. É quando as pipocas passam a entrar nos filmes! Não me importo de entrar, mas ao menos que me oiçam! Pelo menos isso. Não quero que aceitem o que penso ou digo, mas que uma luzinha pequenina ao fundo comece a surgir. Isso já era excelente! Porque se não me ouvirem para que serve o desabafo? Fazer como os burros com a cenoura? Lamento, mas isso eu não sei como se faz. Devia?
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